Formação Litúrgica, Ficha 55: Na Missa, o Pão da Vida é partilhado em duas mesas!

Na Missa, o Pão da Vida é partilhado em duas mesas!
Formação Litúrgica em Mutirão - CNBB - rede celebra - revista de liturgia
Ficha 55

Maria de Lourdes Zavarez

A liturgia da Palavra, antecedida pelos ritos iniciais e a liturgia eucarística, concluída pelos ritos finais, são as duas partes centrais da missa. São momentos distintos, mas inseparáveis, intimamente ligados entre si. Os dois realizam juntos "um só ato de culto" e nos ajudam a viver um único encontro com a pessoa de Jesus.

Participamos de duas mesas onde nos é oferecido o Pão da vida - Jesus no mistério total de sua Páscoa, alimento de nossa caminhada.

Na liturgia da palavra, Cristo está realmente presente e atuante no Espírito Santo. Ele nos oferece sua vida e realiza a transformação pascal. O Verbo de Deus, Palavra divina nos alimenta, suscita conversão, dá sentido à vida e nos propõe uma nova aliança. 

Todo o rito da palavra se dá em torno da estante da Palavra ou ambão ou mesa da palavra. A mesa eucarística, o altar, deve ser usado somente para o rito da eucaristia. 

As duas mesas merecem igual importância. Assim como o altar, a estante da palavra deve ocupar um lugar de destaque, deve ser vista com facilidade. Evitar usar a mesa da palavra para outras funções.

Um elo de ligação entre as duas mesas é a homilia. Ela faz (deve fazer!) "arder" nossos corações, apontando o sentido profundo dos acontecimentos de nossa vida e projetando sobre eles a luz da ressurreição.

Aquecidos e iluminados entramos na liturgia eucarística para selar nosso encontro com o Senhor. Entregamos com Ele nossa vida ao Pai, através dos gestos de: tomar nas mãos o pão e o vinho, dar graças, partir e reparti-los entre nós. Com "sinais sensíveis" o mistério da morte e ressurreição do Senhor, anunciado na liturgia da palavra, se realiza em nós, na liturgia eucarística.

Todo o rito eucarístico, portanto, é a resposta imediata, a profissão de fé na pessoa de Jesus e seu projeto, sacramentalmente proclamada. E, ao mesmo tempo, já é a oferta da salvação, resposta imediata, que o Pai dá às preces feitas no final da liturgia da palavra. Outro elo que liga as duas mesas é o prefácio: numa alegre louvação retomamos o que o Senhor realizou a nosso favor e que foi proclamado na liturgia da palavra.

Na escolha do prefácio, precisamos levar em conta a festa ou o tempo litúrgico e também os acontecimentos da vida da comunidade. Seria muito bom se quem preside, exercendo seu profetismo, pudesse entoar este louvor eucarístico, a partir da realidade atual da comunidade celebrante, na liberdade do Espírito, superando a recitação formal, mecânica e, às vezes, apressada de um texto escrito.

Um terceiro elo entre as duas mesas é o canto de comunhão, cuja letra retoma ou lembra o evangelho do dia. Enquanto comungamos o pão eucarístico, cantamos, renovando o compromisso feito no diálogo com o Senhor, na liturgia da palavra. Este é um dos melhores critérios para a escolha de um canto de comunhão. A comunhão eucarística torna-se assim também comunhão com a Palavra. Ambas nos alimentam, nos amadurecem no seguimento de Jesus e nos levam a uma identificação cada vez maior Ele.

Perguntas para reflexão pessoal e em grupos:

  1. Ler na Bíblia em Ex 19-24, o relato da celebração da Aliança onde se apóia a ligação entre a liturgia da palavra e a liturgia eucarística.
  2. Qual o destaque que temos dado à mesa da palavra?
  3. Como aproveitar melhor os três elos que ligam as duas mesas?

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