Formação Litúrgica, Ficha 22: Ato de se Reunir

Ato de se Reunir - Os ritos iniciais (CNBB, Doc 43, n. 231-261)
Formação Litúrgica em Mutirão - CNBB - rede celebra - revista de liturgia 

Jacques Trudel S.J.

Por que ritos iniciais? Formar uma comunidade celebrante

A Igreja se reúne. Quem celebra é a Igreja. Batizados deixam suas ca­sas para celebrar Cristo na sua vida e sua vida em Cristo. Reu­nir-se é tornar visível a Igreja, visibilizar a comunhão profunda que nos une para além das nossas diferenças: "A multidão dos crentes tinha um só coração e uma só alma" (Atos 5,32). Esta é a meta dos ritos iniciais. Fazer com que os fiéis reunidos constituam uma comunidade celebrante, disponham-se a ouvir atentamente a Palavra de Deus e a celebrar dignamente a Eucaristia".

Passar da rua para a celebração necessita tempo. É preciso rito, diria o pequeno Príncipe, preparar o coração. Observem: o artista principal se apresenta depois de outras bandas; o deputado discursa no fim; comes e bebes precedem o jantar. An­tes da Ceia, Jesus lavou os pés. Para celebrar bem é preciso preparar o coração com ritos preliminares.

A partir desta finalidade é que devemos compreender os ritos iniciais, e "segun­do as circunstâncias, desenvolver ou sublinhar mais um ou outro elemento, evitando acentuar tudo ao mesmo tempo" (n. 234). Os ritos ini­ciais terão feições diversas de acordo com a realidade.

No Brasil, sentimos necessidade de celebrações afetuosas e alegres, inseridas no chão da vida, onde o cor­po tenha a sua vez e cada um se sinta aco­lhido. Isso será facilitado pelos ritos iniciais.  Como fazer? Antes de qualquer rito. Formar comunidade já começa na organização do espaço celebrativo e na acolhida. Que bom se presidente e ministros pudessem acolher as pessoas na chegada, criando um clima de convivên­cia.

Uma palavra inicial do animador (a) pode ajudar a criar o clima. Palavra que brota do cora­ção e que testemunha a fé (não a leitura de trecho de folheto). "Que bom a gente estar aqui para celebrar”! Poucas palavras para situar a celebração no tempo litúrgico, não para resumir as leituras. Talvez fazer a recordação da vida que enraíza a celebração; ou deixar para antes das leituras.

Canto inicial, canto de todos e que dura até o final da procissão de entrada. Cantar juntos o mistério celebrado une as vozes e os corações. Valorizar a procissão com a entrada dos ministros diversos; levar cruz, velas, e, conforme o tempo, círio, incenso, etc. Se oportuno, procissão dançada como expressão de fé orante: “Em certos povos, o canto é instintivamente acompanhado do bater de mãos, de movimentos ritmados e de passos de dança dos participantes” (A Liturgia Romana e a inculturação, 1994, n. 42).

Saudar a comunidade. Após o sinal da cruz e a saudação ritual (falada ou cantada), o missal prevê uma palavra espontânea de quem preside ou de outro ministro. Pode ser bom saudar os visitantes ou pessoas específicas em ocasiões especiais (pais, mães, batizados etc.) até com canto de boas-vindas e palmas.

Reconhecer-se povo santo e pecador. O rito penitencial confessa o Cristo que salva. É mais desenvolvido na quaresma enquanto caminho de conversão. No tempo pascal, preferir as invocações ou a bênção - as­persão da água benta (com muita água). Quantas possibilidades! Ministros leigos podem formular intenções, orientar um exame de consciência, sugerir um ges­to; o rito pode ser complementado com cantos de índole penitencial, refrões, atitudes corporais, símbolos, elementos visuais etc.

O hino do Glória, antiquíssimo em uso na Igreja, merece ser sempre cantado, embora o canto da versão oficial seja um tanto difícil. Mas já dispomos da letra do hino em forma de estrofe, o que facilita o canto. Oração do dia (Coleta). Os ritos iniciais encerram-se sempre com a oração do dia, elemento mais antigo destes ritos. No diretório da missa com crianças (n. 40), diz-se: "sempre haja pelo menos um elemento introdutório que seja concluído pela coleta".

Perguntas para a reflexão pessoal e em grupos:

  1. Qual seria a função de uma equipe de acolhida nas celebrações?
  2. Por que e para que existem os ritos iniciais da missa?
  3. Como realizar os ritos iniciais de tal maneira que forme de uma comunidade disposta a ouvir atentamente a Palavra e celebrar dignamente e Eucaristia?

Fonte: CNBB

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