A MÍSTICA DA REUNIÃO LITÚRGICA
Formação Litúrgica em Mutirão - CNBB - rede celebra - revista de liturgia
Ficha 23
Ione Buyst
É domingo, dia do Senhor. Uma por uma, ou em pequenos grupos, as pessoas chegam para a reunião. Ela acontece numa casa, ou na capela ou igreja da comunidade, ou debaixo de uma árvore, ou na praia... Pouco importa o local, o que não pode faltar é a reunião. Pouco importa o tamanho da assembleia, se somos muitos ou poucos: somos povo de Deus, corpo de Cristo, templo do Espírito Santo. Em cada rosto, Cristo nos acolhe; em cada cumprimento, em cada abraço de acolhida recebo e sou recebida pelo Senhor. Seu Espírito vai tecendo os laços que nos unem com Ele, com o Pai e entre nós. “Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo!” Somos diferentes, temos dificuldades de relacionamento, há tensões e até brigas na comunidade, mas o momento da reunião litúrgica é um imperativo: é Deus quem está convocando para a comunhão. É momento de reconciliação nele.
Ao aclamar a Deus, ao invocar o nome de Jesus, ao entoar nossos louvores e fazer subir ao Senhor nossas súplicas, estamos expressando e afirmando: Deus é o centro de nossa vida, o objeto de nosso desejo mais profundo, a finalidade de nossa busca. E é o próprio Senhor que fez nascer e crescer em nosso coração esta busca, este desejo do encontro com ele. E ao mesmo tempo ele se faz presente e enche nosso coração de alegria e reconhecimento: “Ele está no meio de nós!”. De fato, Cristo está presente quando a comunidade ora e salmodia [1], pois ele disse: Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estou Eu no meio deles (Cf. Mt 28,20).
Várias pessoas se dispõem a fazer os serviços necessários para o bom andamento da celebração: preparar o local, o roteiro da celebração, os cantos, as leituras, a homilia..., presidir a celebração em nome de Cristo. Irmãos servindo irmãos. Somos um povo todo ele ministerial.
No fim de uma semana de trabalho, de correria, de dificuldades, de violências, de preocupação com o desemprego, encontramos na reunião da comunidade, a convite de Jesus, um momento de descanso, de alegria, de consolo, de discernimento, de profissão da fé na vida que vence a morte. É tempo de retomada do sonho do Reino, de renovação do compromisso batismal. É tempo de ressurreição, de Pentecostes.
Numa sociedade caracterizada por dominação, exclusões, luta pelo poder..., nossa assembleia é chamada a ser como que uma parábola e um ensaio do tipo de convivência que buscamos para toda a sociedade: no diálogo, na convivência igualitária, no reconhecimento mútuo. “Quem estava sozinho, família encontrou” canta o Salmo 68,7 na versão do Ofício Divino das Comunidades: a solidão dá lugar à comunhão. Somos convidados a ouvir e interpretar juntos as leituras bíblicas, a discernir o pensamento do Senhor para a nossa realidade, a cantar e orar a uma só voz, a dançar no mesmo passo, a nos abraçar no amor de Cristo, a partilhar fraternalmente o pão e o vinho.
A reunião litúrgica, principalmente a celebração do domingo, dia do Senhor, é chamada a ser um marco na vida e na missão da comunidade, uma Páscoa semanal, fazendo memória da páscoa de Jesus e celebrando nele nossa própria páscoa, nossa passagem da morte para a vida: “Páscoa de Cristo na páscoa da gente, páscoa da gente na páscoa de Cristo [2]”. É o encontro da comunidade com seu Amado, seu Noivo, seu Esposo, o Cristo Ressuscitado.
O local onde celebramos acaba impregnado da mesma mística do povo santo e sacerdotal que aí se reúne. Por mais simples e despojado que seja, é antecipação da Cidade santa, da nova Jerusalém, pronta como uma esposa que se enfeitou para seu marido. É a tenda de Deus com a humanidade; ele enxugará toda lágrima dos seus olhos, pois nunca mais haverá luto, nem grito, nem dor..., porque Ele declarou: “Eis que faço novas todas as coisas!” (Cf. Ap 21,2-5). O carinho com o qual construímos, organizamos, limpamos e enfeitamos nossas igrejas e capelas é uma expressão de fé, de amor e carinho pelo Senhor e pela comunidade que ele vem visitar.
Perguntas para a reflexão pessoal e em grupos:
- Por que não a gente fazer orações em casa, cada um e cada uma por si? Por que precisamos nos reunir em comunidade para celebrar juntos, principalmente aos domingos?
- Quem nos reúne? Por quê? Para que?
- Que importância tem a celebração do domingo para a nossa missão na sociedade?
- O local onde nossa comunidade se reúne para celebrar (igreja, capela...) nos ajuda a viver a mística da reunião litúrgica? Como? O que poderia melhorar?
Fonte: CNBB
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