Formação Litúrgica, Ficha 63: Celebração da Palavra de Deus (III)

CELEBRAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS (III)
Formação Litúrgica em Mutirão - CNBB - rede celebra - revista de liturgia
Ficha 63

Ir. Veronice Fernandes

A liturgia, celebração da história da salvação

A salvação, contida no anúncio da Sagrada Escritura, é perene. A liturgia cristã é ação ritual do evento real da salvação, revelada em Jesus Cristo, o salvador. A revelação, realizada por Deus, que tem como mediador e plenitude Jesus Cristo, contida na Sagrada Escritura, ganha pleno significado, quando o texto é proclamado na celebração litúrgica, como relata a introdução do lecionário: “a economia da salvação, que a palavra de Deus não cessa de recordar e prolongar, alcança seu mais pleno significado na ação litúrgica, de modo que a celebração litúrgica se converta numa contínua, plena e eficaz apresentação desta palavra. Assim, a palavra de Deus, proposta continuamente na liturgia, é sempre viva e eficaz pelo poder do Espírito Santo, e manifesta o amor ativo do Pai que nunca deixa de ser eficaz entre as pessoas” (OLM 4).

O Espírito Santo, intérprete da Palavra

Dei Verbum afirma: (...) “a Sagrada Escritura é palavra de Deus enquanto escrita por inspiração do Espírito Santo”. É fruto do Espírito e, conseqüentemente deve ser interpretada à luz do mesmo Espírito (cf. DV 12). O apóstolo São João apresenta o Espírito Santo como a inteligência e a memória do cristão: “O valedor, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos disse” (Jo 14,26). O Espírito nos capacita então para acolher como também para viver a palavra de Deus.

Na verdade existe uma relação entre a palavra de Deus que é proclamada e a ação do Espírito Santo: “Para que a palavra de Deus realmente produza nos corações aquilo que se escuta com os ouvidos, requer-se a ação do Espírito Santo, por cuja inspiração e ajuda a palavra de Deus se converte no fundamento da ação litúrgica e em norma e ajuda de toda a vida. Assim, a atuação do Espírito Santo não só precede, acompanha e segue toda a ação litúrgica, mas também sugere ao coração de cada um tudo aquilo que, na proclamação da palavra de Deus, foi dito para toda a comunidade dos fiéis, e, ao mesmo tempo que consolida a unidade de todos, fomenta também a diversidade de carismas e a multiplicidade de atuações” (OLM 9). “Aqui nos encontramos com a liturgia do Espírito e com o Espírito da liturgia, ou seja, com o fundamento do sentido pneumatológico da liturgia e, conseqüentemente, das celebrações da palavra. Assim, quando se celebra a palavra de Deus, o Espírito revela aqui e agora seu conteúdo de salvação” (ERNANDEZ, P. Celebraciones de la Palabra. In: SARTORE, D.; TRIACCA, A. M. (Orgs.). Nuovo Diccionário de Liturgia, Madri: Paulinas, 1977, p. 358).

O Espírito nos faz ouvintes da palavra de Deus, e mais, atua de tal forma em nós, que de ouvintes nos faz profetas, capazes de anunciar e denunciar. O Espírito então, nos introduz na celebração e na experiência cristã dos tesouros salvíficos da palavra de Deus, e com Ele a palavra se torna verdadeiro acontecimento de salvação em nossa história. Desse modo, nos situamos no hoje salvífico de Jesus Cristo.

Perguntas para reflexão pessoal e em grupos:

  1. Como deve ser escutada a Palavra de Deus na assembleia?
  2. Quem nos ajuda a entender e a viver a Palavra de Deus?
  3. O que acontece quando se proclama a Palavra de Deus?

* Artigo publicado na Revista de Liturgia, São Paulo, n. 179, 2003, p.4-9

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