Formação Litúrgica, Ficha 29: Espiritualidade Cristã

ESPIRITUALIDADE CRISTÃ
Formação Litúrgica em Mutirão - CNBB - rede celebra - revista de liturgia
Ficha 29

Ione Buyst

Quando falamos de ‘espiritualidade’ de que estamos falando? ‘Espiritualidade’ diz respeito à vida espiritual. Parte do princípio de que no ser humano há uma dimensão que ultrapassa as dimensões biológica, psíquica, mental. E, assim como as outras três dimensões, esta dimensão espiritual necessita ser alimentada e cultivada. Por isso, em grau menor ou maior, em todas as culturas encontramos tradições espirituais, com métodos que ajudam as pessoas a crescer espiritualmente ao longo da vida[1]. Para nós, cristãos, esta vida espiritual é ‘vida no Espírito de Jesus Cristo’.

O Espírito acende em nós o amor, a paixão por Jesus Cristo e nos leva a pautar toda a nossa vida pela intimidade com ele. “A espiritualidade cristã, que é o seguimento de Jesus, se alimenta de uma verdadeira paixão por Ele, de uma amizade singular (...) de uma compenetração intimíssima, comunhão mesmo.[2]” Nós o amamos; e embora não o tenhamos visto, nele cremos e nosso coração transborda de uma alegria que não cabe em palavras (Cf. 1Pe 1,8). Esta vida no Espírito supõe a troca do ‘homem velho’ pelo ‘Homem Novo’, como o expressa São Paulo: “...(em Cristo) vocês foram ensinados a eliminar seu modo de viver anterior - o homem velho, que se corrompe ao sabor das concupiscências enganosas - e renovar-vos pela transformação espiritual da vossa mente, e revestir-vos do Homem Novo, criado segundo Deus, na justiça e santidade da verdade.”(Ef 4,22-24).

Supõe, portanto, uma mudança de vida que vai exigir de nós opções bem concretas, escolhas e renúncias. É preciso escolher entre a vida na ‘carne’ e a vida no Espírito. Vale a pena reler o que escreve na carta aos Gálatas (5,19-23): “As obras da carne são manifestas: fornicação,impureza, libertinagem, idolatria, feitiçaria, ódio, rixas, ciúmes, ira, discussões, discórdia, invejas, bebedeiras, orgias e coisas semelhantes (...) Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, autodomínio”.[3] A meta: a libertação de tudo aquilo que nos escraviza, a identificação com Jesus Cristo (Cf. Gl 2,20: Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim”) e a plena maturidade na fé e no amor.

Normalmente, deveríamos ser introduzidos, iniciados, nesta ‘vida no Espírito de Jesus Cristo’: primeiro, por um despertar para o sentido profundo da vida, no contato com o evangelho; depois, por um caminho catecumenal que nos faz penetrar pouco a pouco na vida e na missão da comunidade; e, finalmente, pela celebração dos ritos de iniciação cristã, ou seja, batismo, crisma, eucaristia. Não vamos neste momento nos concentrar nesta fase de iniciação que nos falta na maior parte das vezes![4] Mas vamos à etapa seguinte, que é do crescimento e da progressiva mudança e maturação no Espírito.

Perguntas para a reflexão pessoal e em grupos:

  1. Qual é o trabalho que o Espírito Santo realiza na gente?
  2. Qual é a “mudança de vida” que ele provoca?
  3. Como anda a minha (nossa) vida espiritual?

Fonte: CNBB - www.cnbb.org.br

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