Formação Litúrgica, Ficha 01: Um desafio: O que fazer com um Domingo?

Formação Litúrgica em Mutirão CNBB - rede celebra - revista de liturgia
Ficha 01
 
 
Frei José Ariovaldo da Silva, OFM
 

Durante longo percurso histórico (sobretudo no segundo milênio), em nossa Igreja, uma grande maioria de cristãos viu no domingo apenas o frio cumprimento da "lei" do descanso e do culto, sem motivação teológico-espiritual. Simplesmente se guardava o domingo e se ia à missa neste dia porque existia uma lei da Igreja que obrigava...

Hoje, já vivemos outra situação. Lá por sexta-feira ou sábado, quando as pessoas se despedem uma da outra, já é bastante comum dizer: "Bom final de semana!". Não se diz mais "bom domingo", como antigamente. Com algumas exceções, é claro... Mas, para uma grande maioria, o importante não é mais o domingo. O mais importante é o final de semana, do qual faz parte também esse dia. Temos que admitir que, para muita gente, o domingo simplesmente foi substituído pelo "final de semana".

No mundo e na sociedade em que vivemos hoje, o domingo tem como característica a suspensão dos trabalhos. Trata-se de dia de folga e de folguedos, com início já na sexta à noite. Dia de lazer. Dia próprio para passear, viajar, fazer turismo, visitar amigos e parentes, brincar, ir à praia, fazer uma pescaria. Dia próprio para dormir um pouquinho mais, assistir um jogo de futebol, ir ao cinema, ao teatro, a um show, à igreja, comer num restaurante etc. Tanta coisa se faz no domingo, ou melhor, no final de semana. Existe inclusive toda uma indústria de prestação de serviços para atender à imensa demanda de lazer dos homens e mulheres de hoje. São as chamadas indústrias do lazer. Empresas de turismo, hotéis, restaurantes etc., para atender à folga dos finais de semana.

Para outros, mesmo sendo o dia próprio do lazer, o domingo também não deixa de ser um dia de trabalho. Certas necessidades do mundo hodierno obrigam pessoas a trabalharem nesse dia. Nos serviços de transporte, nos hospitais, em grandes indústrias com funcionamento ininterrupto, em indústrias do lazer etc. Outras pessoas, devido ao sufoco econômico que passam, aproveitam a folga do domingo para fazer algum biscate. Outras aproveitam a folga para construir ou reformar a casa, participar de algum mutirão... E assim por diante.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) publicou em 1989 um documento sobre a "animação da vida litúrgica do Brasil". É o famoso Documento 43. Nele, a CNBB aponta para as seguintes dificuldades em relação ao domingo:

"Sentimos fundo no coração a deturpação do domingo, imposta pelas injustiças e pelo consumismo de nossa época dominada pelo espírito secularista. Alguns são obrigados a trabalhar no domingo por imposição de suas profissões. A caridade com que exercem seus deveres é seu sacrifício espiritual, já que estão impedidos de celebrar plenamente o dia do Senhor. Inaceitável, outrossim, é a sociedade que obriga multidões à luta pela sobrevivência por causa do trabalho mal remunerado, que desfigura o Domingo feito dia de horas-extras. A própria realidade urbana dificulta, muitas vezes, a vivência cristã do Dia do Senhor. Lamentamos também o consumismo secularista, que leva centenas de pessoas ao mero lazer, viagens e programas, que mais parecem criados para distrair ou dirigir as atenções em direção oposta ao culto e à religião. Corremos também o risco de esvaziar o sentido do Domingo com o excesso e superposição de comemorações, que pretendemos realçar neste dia, sem notar que não sobra espaço para celebrar o mistério pascal..." (n. 117-119).

Diante destas dificuldades, e de outras que eventualmente se possam apontar, nos perguntamos agora: Tem valor e sentido ainda o domingo? Se o tem, qual seria? Voltaremos ao assunto, tentando responder a estas questões.

Perguntas para reflexão pessoal e em grupos:

1. Como passamos o domingo em nossa comunidade? O que fazemos?
2.Como passamos o domingo em família? O que fazemos?
3. O que está sendo mais valorizado nesse dia?
4. Além das dificuldades acima apontadas, que dificuldades você indicaria a mais, em relação ao domingo?
5. Que dificuldades maiores você pessoalmente sente em relação ao domingo?
6. Entre as dificuldades todas, qual você julga a mais séria, e por que?

Fonte: CNBB

 

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