"Dança" Litúrgica - A Liturgia "Dançada"
Formação Litúrgica em Mutirão - CNBB - rede celebra - revista de liturgia - Ficha 69
Jacques Trudel, S.J.
Louvem seu nome com danças (Salmo 149,3); Louvai-o com dança e tambor...(Salmo 150,4)
No documento A Liturgia Romana e a Inculturação da Congregação para o Culto Divino (1994) lemos sob o n. 42 "Em certos povos, o canto é instintivamente acompanhado do bater de mãos, de movimentos ritmados e de passos de dança dos participantes".
Pelo seu jeito natural de ser, certos povos costumam acompanhar o canto com gestos do corpo, bater das mãos, movimentos ritmados e passos de dança. Neste caso, acrescenta o documento, poderão fazer o mesmo na liturgia, não para fazer "show" mas como jeito cultural de orar e celebrar. "Tais formas de expressão corporal podem ter lugar na ação litúrgica desses povos, na condição de serem sempre expressão de uma verdadeira e comum oração de adoração, de louvor, de oferta ou de súplica e não mero espetáculo" (ibidem).
Através do corpo e pelo corpo, a comunidade expressa louvor, adoração e súplica na liturgia. O texto inclui a dança como uma forma entre outras de expressão corporal. No caso da dança, não se trata evidentemente de introduzir danças de fora para dentro da liturgia, e sim de celebrar, não só com a voz do canto, mas também com o corpo e até movimentos ritmados de dança. É dançar a liturgia, é liturgia dançada; e não dança na liturgia!
Para ajudar a assembléia, uma equipe pode exercer o ministério da dança litúrgica. Para tanto, é claro, necessita uma formação específica:
a) teórica: princípios de liturgia e dança, leitura orante dos textos da liturgia para entrar com o corpo na espiritualidade do domingo.
b) prática: escolha/criação ou adaptação de passos que vão ajudar a comunidade a celebrar a partir das músicas escolhidas pela equipe de liturgia; ensaio e avaliação. Antes da celebração, há que se fazer um último ensaio em clima de oração. É desejável que os componentes deste ministério usem uma veste própria: distingue e acrescenta um 'toque' especial à beleza da celebração.
Na Eucaristia, as procissões de entrada, evangelho e ofertas são momentos naturais para passos ritmados, enquanto que o Glória, Santo, Rito penitencial e Salmo responsorial permitem outro tipo de expressão oracional dançada.
Encontramos hoje dois estilos principais de dança litúrgica com variantes.
1. Os passos, os gestos das mãos e do corpo visam, sobretudo, acompanhar o ritmo da música. A inspiração vem das danças das culturas tradicionais, danças de grupo, repetidas, mais rituais. É o jeito de dançar na África e na Ásia, dos grupos indígenas, das danças folclóricas etc...
2. Passos e gestos procuram expressar o sentido do canto. A inspiração de base vem da dança clássica ou contemporânea. Está mais presente na América do Norte. É uma coreografia mais elaborada, pensada para comunicar sentimentos, teatral. Pode exigir uma formação mais profissional de bailarino(a) e sapatilhas. Uma variante no Brasil é a "expressão corporal" usada também com crianças. A coreografia simples procura dar expressão plástica a um Salmo, um Rito penitencial, etc.
A Dança litúrgica é uma possibilidade que exige discernimento e prudência pastoral, pois não temos ainda tradição de dançar a liturgia. É preciso escutar, respeitar as sensibilidades religiosas, ter a humildade de reconhecer os erros para procurar fazer melhor. Se a dança for capaz de expressar interioridade a beleza, ajudará a celebrar melhor abrindo os corações para o mistério de Cristo que se faz presente nos sinais da celebração.
Perguntas para reflexão pessoal e em grupos:
1.Qual a diferença entre dançar a liturgia e dançar na liturgia?
2. Sua comunidade tem experiência da dança litúrgica? Em que momentos? Com que estilo? Ajuda a celebrar ou é um enfeite?
3. Ler os números 83, 207, 241 do Doc. 43 da CNBB Animação da Vida Litúrgica no Brasil.
Fonte: CNBB
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