O LUGAR DE MARIA NA LITURGIA
Formação Litúrgica em Mutirão - CNBB - rede celebra - revista de liturgia
Ficha 37
Penha Carpanedo
A Sacrosanctum concilium (SC) situou a liturgia no conjunto da história da salvação que tem seu ponto central no mistério pascal de Jesus Cristo (cf. SC 5-8). Concentrando toda a história da salvação no mistério de Cristo, A Igreja, partir deste eixo, lê, celebra, atualiza as maravilhas de Deus, ao longo do ano litúrgico, através das diversas celebrações: da palavra, da eucaristia, dos sacramentos e sacramentais e do ofício divino.
O Concílio pediu que o ano litúrgico fosse revisto e resgatado o seu sentido original de acordo com as condições atuais, tendo como centro o memorial da páscoa de Jesus. Destaca o domingo como dia de alegria e de celebração acima de qualquer outra solenidade, dando ao próprio do tempo o seu justo lugar. O calendário é revisto de acordo com os ritmos diário, semanal e anual (Cf. SC 102).
É no ciclo anual da celebração dos mistérios de Cristo que a Igreja venera as testemunhas do mistério pascal (cf. SC 104), especialmente, a bem-aventurada virgem Maria, Mãe de Deus, em quem vê e exalta o mais excelso fruto da redenção (cf. SC 103). A exortação apostólica Marialis Cultus afirma que a reforma litúrgica, com a restauração do calendário geral, "permitiu que nele fosse inserida de maneira mais orgânica, e com uma ligação mais íntima, a memória da mãe no ciclo dos mistérios do Filho (n. 2).
Maria está intimamente ligada ao mistério do Filho, e sua missão está unida a dele, desde o seu nascimento até à cruz e ressurreição. Por isso, desde o início a intuição da fé incluiu na memória da páscoa de Jesus a memória de sua mãe, valendo-se de sua intercessão e olhando Maria como a "cheia de graça", símbolo do Israel fiel, a discípula grávida do Verbo, primeira entre as(os) discípulas(os) de Jesus, "aquela que acreditou" e que seguiu Jesus até o fim. A liturgia, assumindo o poder da oração de Maria, tão forte na devoção popular, reforça a sua condição de criatura em relação a Deus e de discípula em relação ao Cristo, evitando atribuir a Maria título ou função própria de Cristo.
A memória de Maria aparece organicamente inserida no conjunto do ano litúrgico, especialmente, nos tempos e festas que guardam uma relação especial com ela. O ciclo privilegiado é o do Natal a começar pelo advento, principalmente, nas férias dos dias 17 a 24 de dezembro, no 4o domingo do advento e, depois, as festas e tempo do Natal. É uma memória continuada daquela "que esperou com amor de mãe" e "deu ao mundo o salvador".
Outras referências à Maria ocorrem ao longo do ano litúrgico. Além das solenidades, festas e memórias, em cada missa, Maria é sempre evocada no momento das intercessões pela Igreja, como peregrina e companheira, neste nosso caminhar, junto com os apóstolos e todos os santos. As completas da Liturgia das Horas concluem-se com um cântico Mariano, que traz, no tempo da páscoa, uma antífona especial "Rainha dos céus alegrai-vos". A Igreja retoma, em sua liturgia, em cada entardecer, a ação de graças a Deus pela encarnação do Verbo, cantando o cântico de Maria, colocando-nos dentro do sentido do culto mariano.
Perguntas para a reflexão pessoal e em grupos:
- Qual a compreensão que você tem sobre o lugar de Maria na obra da redenção?
- Como isso aparece na liturgia da sua comunidade?
- O que pode ser feito para integrar melhor a devoção popular na liturgia?
1 Cf. SC 43 e 45; Inter Oecumenici, 47; 2 Cf Animação da Vida Litúrgica no Brasil, Cnbb doc. 43. n. 187 e 215. 3 Cf IBIDEM. N. 217.
Fonte: CNBB
Fonte: CNBB
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