Mensagem da Pastoral da Saúde Diocesana para o XXXI Dia Mundial do Doente. “Trata bem dele”(Lc 10,35)

Caríssimos irmãos presbíteros, religiosas, agentes da Pastoral da Saúde e demais profissionais da saúde, povo de Deus em situação de enfermidade, gente querida, saúde e paz!

A Pastoral da Saúde de nossa Diocese de São Mateus, em comunhão a Igreja no mundo inteiro, celebra neste dia 11 de fevereiro, dia de Nossa Senhora de Lourdes, o Dia do Enfermo.

Gente querida, sabemos que desde sempre a doença faz parte da trajetória da vida das pessoas. Tal realidade não nos deve assustar, afinal somos humanos e não máquinas robóticas. A dor e o sofrimento não nos devem ser estranhos. E esta consciência de nossa humanidade é o principal fator que nos desperta à compaixão para com o próximo, sobretudo com os que se encontram em situações de vulnerabilidade. É sabido que dentre os maiores medos que as pessoas têm de serem acometidas por alguma doença grave, está o medo do abandono e da solidão. É desumano e entristecedor saber que tantos irmãos e irmãs, carne de nossa carne, sofrem o abandono e a indiferença quando estão doentes em seus leitos.

O cuidado com o outro extrapola normas ou preceitos religiosos, mais que uma exigência aos que professam uma fé, é um dever humanitário. A figura do Bom Samaritano que nos é apresentada pelo Evangelista Lucas, na Parábola (Lc 10,25-37), é paradigma de vida para todas as pessoas de boa vontade. A cultura utilitarista e materialista dos tempos hodiernos tem lutado com muito vigor para fazer com que as pessoas se identifiquem cada vez mais com os que foram indiferentes com o doente da Parábola. Essa realidade do descartável tem gerado uma grande preocupação na Igreja. Frente a isto, o Papa Francisco há pouco tempo nos presenteou com a Encíclica Fratelli Tutti, que propõe-nos uma leitura atualizada e humana da Parábola do Bom Samaritano.

Em sua mensagem para o XXXI Dia Mundial do Doente, o Papa Francisco assim diz:

De fato, o Dia Mundial do Doente não convida apenas à oração e à proximidade com os que sofrem, mas visa ao mesmo tempo sensibilizar o povo de Deus, as instituições de saúde e a sociedade civil para uma nova forma de avançar juntos. A profecia de Ezequiel […] contém um juízo muito duro sobre as prioridades daqueles que exercem, sobre o povo, o poder econômico, cultural e governamental: ‘Vós bebestes o leite, vestistes-vos com a sua lã, matastes as reses mais gordas e não apascentastes as ovelhas. Não tratastes das que eram fracas, não cuidastes da que estava doente, não curastes a que estava ferida; não reconduzistes a transviada; não procurastes a que se tinha perdido, mas a todas tratastes com violência e dureza’ (Ez 34, 3-4). A Palavra de Deus – não só na denúncia, mas também na proposta – é sempre iluminadora e de hoje. Na realidade, a conclusão da parábola do Bom Samaritano sugere-nos como a prática da fraternidade, que começou por um encontro de indivíduo com indivíduo, se pode alargar para um tratamento organizado. A estalagem, o estalajadeiro, o dinheiro, a promessa de se manterem mutuamente informados (cf. Lc 10, 34-35)… tudo isto faz pensar no ministério de sacerdotes, no trabalho de operadores de saúde e agentes sociais, no empenho de familiares e voluntários, graças aos quais cada dia, em todo o mundo, o bem se opõe ao mal.

E é disso que precisamos: coragem! Coragem para desconstruir um sistema utilitarista e construirmos uma realidade onde a caridade e a compaixão sejam as principais bases.

Nesta ocasião oportuna, nos dirigimos aos Agentes da Pastoral da Saúde, aos cuidadores domésticos e aos Agentes da Saúde que trabalham nas unidades de Saúde: sejamos atentos e sensíveis à dor dos que estão à nossa frente. O grito do outro, seus desejos de partilhas da vida não podem ser sufocados pela indiferença ou mesmo pela pressa dos muitos afazeres do dia a dia. Entendamos: nunca é desperdiçar tempo nos colocarmos ao lado de quem sofre. Nunca! Pelo contrário, esta atitude é empregar bem o tempo, é fazer o bem não somente ao outro, mas a nós mesmos, pois nos tornamos mais humanos sempre que agimos com compaixão e caridade. Agradecemos aos agentes das diversas áreas supracitadas que desempenham com amor e zelo sua missão de cuidar. O cuidado com amor é o principal remédio que ameniza as dores de quem se encontra em sofrimento ou mesmo já no entardecer da vida. Ocupemo-nos, com a dor do outro, pois a Palavra de Deus nos interpela: Cuida dele (Lc 10,35)!  

Por fim, uma palavra de conforto e estima a todos os que sofrem por alguma enfermidade: queridos irmãos e irmãs, saibam que vocês não estão sós. O Cristo de Deus, que por nós sofreu naquela Cruz, encontra-se ao lado de cada um e os ajuda a carregar o fardo de cada dia. Também Igreja, como boa Mãe que é, reza incessantemente por cada um de vocês e oferece a todos o conforto e o sustento dos Sacramentos. Jamais se sintam um peso para a família, para sociedade ou para os que estão a cuidar de vocês. A vida de cada um de vocês continua sendo um dom de Deus, e por isso deve ser sempre guardada e amparada. Que a certeza de serem amados e importantes os alivie da angústia da doença que estão a enfrentar.

Que Maria Santíssima, Mãe de misericórdia, hoje honrada com título de Nossa Senhora de Lourdes, interceda junto a Jesus por cada pessoa que sofre alguma enfermidade, sobretudo por aquelas sofrem na doença o abandono e a solidão.

Fraternalmente.

Pe. Magno Nogueira Pereira

Coordenador Diocesano da Pastoral da Saúde

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