Histórico das diretrizes e incidências na Diocese De São Mateus

“Ide pelo mundo inteiro e proclamai o Evangelho a toda a criatura!” (Mc 16,15). Na busca se ser fiel a esse mandato, São João XXIII convidou, em 1958, com insistência, os bispos do Brasil a prepararem o primeiro plano pastoral e, “daquele início, cresceu uma verdadeira tradição pastoral no Brasil, que fez com que a Igreja não fosse um transatlântico à deriva, mas tivesse sempre uma bússola” (Discurso do Papa Francisco aos bispos brasileiros na JMJ, 27/07/2013).

Os bispos do Brasil participaram do Concílio já despertados pelo Plano de Emergência (1962) para a necessidade de a Igreja se adequar às mudanças históricas mediante a renovação estrutural e pastoral. A aprovação do Plano Pastoral de Conjunto-PPC (1965-1974), na Assembleia Geral realizada durante a última sessão conciliar, possibilitou que fossem criados “meios e condições para que a Igreja no Brasil se ajustasse à imagem do Vaticano II”. Esquematizou-se, então, a ação pastoral em “seis linhas”, que, por anos direcionaram nossa prática. Mesmo com certas críticas, o PPC, pensado para quatro anos, foi prorrogado até 1974. Os Planos Bienais operacionalizam-no nos diversos organismos e instâncias da CNBB.

 

A DIOCESE ANTES DAS DIRETRIZES

1962-1965: Concílio Vaticano II

Dom José participa das quatro sessões

1962: 5ª Assembleia da CNBB: Plano de Emergência

Resposta ao pedido de João XXIII em 1958

ANO/INICIATIVA

PRIORIDADES

14/07/1964: 1º esboço de Planejamento de uma Pastoral de Conjunto (encontro do clero)

1965-1966: Vigência do Plano Pastoral de Conjunto

Tornar nossas paróquias comunidades de fé, de culto e de caridade.

21/09/1968: Carta Pastoral sobre o Batismo

 

1969

- Promoção humana (ação social),

- para chegar às Comunidades Eclesiais de Base,

- através dos Grupos de Reflexão.

1971

- Catequese e Liturgia

1972

- CEBs e formação de animadores

- Batismo, Crisma e Matrimônio

- Dízimo

1973: 1ª Assembleia Geral Diocesana (AGD)

- Pastoral Familiar

1974: 2ª Assembleia Geral Diocesana

- Pastoral Diocesana e Juventude

 

                Sempre insistindo na comunhão e corresponsabilidade episcopal e eclesial, também sob os influxos de Medellín, a partir de 1975, a CNBB adotou a elaboração das “Diretrizes Gerais da Ação Pastoral da Igreja no Brasil” (DGAP). Tratava-se de orientações gerais a serem assumidas pelas Igrejas Particulares, mantendo a unidade pastoral em torno de um objetivo geral e das seis linhas de ação. Renovadas e aprovadas em Assembleia Geral de quatro em quatro anos, conservando este nome até 1994, tais diretrizes permitiram intensa ação profética da Igreja no Brasil, enfatizando uma evangelização libertadora, sobretudo após as Conferências de Puebla e a preparação de Santo Domingo. Com forte consciência de sua participação “na construção de uma sociedade justa e solidária”, as diretrizes incentivaram muitas ações em defesa dos direitos humanos.

DOCUMENTO

INSPIRAÇÕES

DIOCESE

04: DGAP 1975-78

28/01/1975. Objetivo: “Levar todos os homens à plena comunhão de vida com o Pai e entre si, em JC, no dom do ES, pela mediação visível da Igreja”

06 Linhas:

1) Unidade visível

2 - 3) Evangelização - Ação Missionária

4) Liturgia

5) Ação Ecumênica e diálogo Religioso

6) Presença no mundo

3ª AGD (75): Batismo e Dízimo

4ª AGD (76): Dignidade da pessoa, fermento na sociedade. Oficialização do Dízimo

5ª AGD (77): Prioridades: Conscientização Sócio-Política e Penitência

6ª AGD (78): Prioridades: Conscientização Sócio-Política e Penitência.

15: DGAP 1979-82

06 Linhas:

1) Unidade visível da Igreja;

2) Ação e animação missionária;

3) Catequese;

4) Liturgia;

5) Ecumenismo e Diálogo Religioso;

6) Presença da Igreja no Mundo.

Planejamento por Linha

7ª AGD (79): Prioridades: idem, acrescentando Família

8ª AGD (80): Prioridades: Família, Eucaristia e Conscientização Sócio-política (até 1984)

9ª AGD (82): 25 anos da diocese. Seis Áreas Pastorais: Evangelização e Catequese, Pastoral

Familiar, Juventude, Social, Ministérios e Vocações e Liturgia e Sacramentos. Comissão do Dízimo.

Prioridades: idem 8ª AGD

28: DGAP 1983-86

06 Linhas ou Dimensões (mudança de nomenclatura na 21ª AG - 83)

1) Comunitária e Participativa;

2) Missionária;

3) Catequética;

4) Litúrgica;

5) Ecumênica e de Diálogo Religioso

6) Profética e Transformadora

Planejamento por Linha ou Dimensão

1983: 25 anos da diocese

10ª AGD (84): Confirmação das seis áreas pastorais, com ênfase no planejamento das mesmas.

Bandeira de Luta 1986: O homem e sua luta pela terra.

 

 

38: DGAP 1987-90

06 Dimensões

Planejamento por Dimensão

11ª AGD (87): Bandeiras de Luta: Pastoral Urbana e Luta pela Terra, Leigos, Eleições 88

12ª AGD (90): Bandeiras de Luta: Pastoral Urbana, Pastoral da Terra e Pastoral da Juventude

45: DGAP 1991-94

06 Dimensões com tônica na Evangelização

13ª AGD (94): Avaliação Diocesana: 10 temas com assessoria do ISER. Formada comissão para elaboração do Plano Pastoral.

 

A consciência de que a razão maior da Igreja é evangelizar de modo inculturado, tema de Santo Domingo, vem expressa na mudança de título das diretrizes que, a partir de 1995 e, até hoje, se apresentam como Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE). As Diretrizes de 1995-1998, 1999-2002 apresentaram quatro exigências fundamentais da ação evangelizadora: serviço, diálogo, anúncio e testemunho de comunhão que, de certa forma, assumiram as seis linhas ou dimensões até então propostas.

DOCUMENTO

INSPIRAÇÕES

DIOCESE

54: DGAE 1995-98

04 Exigências: Serviço, Diálogo, Anúncio e Testemunho

Novo empenho na Evangelização

Indicações práticas em cada exigência.

MINIASSEMBLEIA (96): Projeto PRNM (96-2000)

14ª AGD (97): À luz do Projeto Rumo ao Novo Milênio.

Organização em 06 dimensões com agentes responsáveis.

61: DGAE 1999-02

04 Exigências: Serviço, Diálogo, Anúncio e Testemunho

Novo empenho na Evangelização

Indicações práticas em cada exigência.

15ª AGD (2000) - Ano Jubilar

PROJETO: Ser Igreja no Novo Milênio (2001-2003)

Três Comissões Diocesanas: Anúncio, Liturgia e Serviço.

 


              A carta Iniciando o Novo Milênio, de João Paulo II, foi determinante para a elaboração das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2003-2006. Estas continuam enfatizando a evangelização inculturada num quadro de desafios socioculturais que afetam a pessoa, a comunidade e a sociedade, propondo ações para cada âmbito: promover a dignidade da pessoa, renovar a comunidade e construir uma sociedade solidária.

DOCUMENTO

INSPIRAÇÕES

DIOCESE

71: DGAE 2003-06 (07)

Ações nos âmbitos:

- pessoa,

- comunidade e

- sociedade

 

Ministérios

- da Palavra,

- da Liturgia e

- da Caridade

16ª AGD (2003): âmbitos inseridos nas 04 exigências. Confirmadas as 03 Comissões Diocesanas, englobando as pastorais.

Propostas aprovadas de acordo com os três âmbitos:

Pessoa: Visitas, acolhida, aconselhamento, grupos de autoajuda; Comunidade: Projeto Comunidades-irmãs, favorecer a evangelização e a catequese, integrar de forma dialogal;

Sociedade: formação política, meio ambiente e Mutirão contra a miséria e a fome.

PROJETO: Queremos Ver Jesus, Caminho, Verdade e Vida

2007: Ano Missionário Diocesano

17ª AGD (2006): Continuam as três comissões. Novas orientações pastorais para o Batismo

 

A Conferência de Aparecida foi fonte inspiradora para as Diretrizes de 2008-2010, o que aparece no seu objetivo: “Evangelizar, a partir do encontro com Jesus Cristo, como discípulos missionários, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, promovendo a dignidade da pessoa, renovando a comunidade, participando da construção de uma sociedade justa e solidária, para que todos tenham vida, e a tenham em abundância”.

 

DOCUMENTO

INSPIRAÇÕES

DIOCESE

87: DGAE 2008-10

Ações nos âmbitos:

- pessoa,

- comunidade e

- sociedade

 

“As 4 exigências se

operacionalizam nos

três âmbitos de ação”.

18ª AGD (2008): 50 anos da Diocese. 04 pilares:  

1) Beber da Palavra, lugar do encontro com Jesus Cristo: Como ler e aprofundar a Bíblia (folder), Lectio Divina;

2) Alimentar-se da Eucaristia: IVC, importância do Domingo;

3) Construir a Igreja como casa e escola de comunhão: formação para pastorais e movimentos e integração comunidade-paróquia-diocese.

4) Servir à sociedade, em especial, aos pobres: formação de profissionais liberais para atuar na sociedade, agroecologia.

PROJETO: O Brasil na Missão Continental (2008...)

MINIASSEMBLEIA 2009: Iniciação à Vida Cristã

 

                Também à luz de Aparecida e da Verbum Domini, seguindo o caminho apontado por Francisco (Evangelii Gaudium), abrindo-se sempre mais à missão, numa Igreja em saída, as Diretrizes de 2011-2014 e de 2015-2019 apresentam um esquema novo quando apontam cinco urgências na ação evangelizadora.

DOCUMENTO

INSPIRAÇÕES

DIOCESE

94: DGAE 2011-15

Cinco Urgências na ação evangelizadora:

1) Igreja em estado permanente de missão;

2) Igreja: casa de Iniciação à Vida Cristã;

3) Igreja: Lugar de animação bíblica da vida e da pastoral;

4) Igreja: Comunidade de comunidades;

5) Igreja a serviço da vida plena para todos

19ª AGD (2011): Em cada Urgência:

1) Realização das SMPs (2013-2017);

2) Continuar Iniciação à Vida Cristã;

3) Escolas Bíblicas; Grupos de Reflexão; junho: Mês Bíblico diocesano;

4) Fortalecer os Conselhos em todos os níveis;

5) Apoio AASERDEQ (NV); fortalecer equipes de Pastorais Sociais em todos os níveis.

2012 a 2015: Revisita ao Concílio Vaticano II

(50 anos): cada ano aprofundamento de uma Constituição Dogmática.

102: DGAE 2015-19

“As Urgências continuam a nos interpelar”

20ª AGD (2016): Em cada Urgência:

1) Continuação das SMP, fortalecer grupos missionários, missão Ad Gentes e projeto Igrejas-irmãs;

2) IVC, Sacramento da Reconciliação, Mistagogia;

3) Cursos Bíblicos; Ministros da Palavra, Grupos de Reflexão, estudo da Palavra em vários níveis;

4) Fortalecer os Conselhos, Projeto comunidades- irmãs nas paróquias, solidariedade econômica;

5) Estudo e aplicação da Laudato Si, comissões paroquiais de meio ambiente, questão hídrica, Pastoral dos Pescadores e círculos da paz nos presídios.

MINIASSEMBLEIAS 2016/2017: Sob o impacto da seca, acréscimo na 5ª urgência: ações imediatas em favor de famílias e do meio ambiente.

2017-2019: PROJETO: 60 anos da Diocese

MINIASSEMBLEIA 2018: Cada forania priorizou duas Urgências para trabalhar em 2019.

 

FONTES CONSULTADAS:

01. Revista Ecoando, Paulus, nº 66 - junho a agosto de 2019

02. Boletim Renovação (vários)

03. Boletim “Pela Estrada”, vários números

04. Instrumento de trabalho da Miniassembleia Diocesana de 22 e 23 de novembro de 2014

05. Documentos da CNBB, números 04, 15,28, 38, 45, 54, 56, 61, 71, 72, 87, 88, 94, 102, 109 (Diretrizes e Projetos

Rumo ao Novo Milênio (1996-2000), Queremos Ver Jesus (2004-2007) e o Brasil na Missão Continental (2008...)

06. Opúsculo: Projeto Ser Igreja no Novo Milênio (2001-2003)

07. Calendários Pastorais Diocesanos

08. Celebrando os 60 anos da diocese. Roteiro de celebrações outubro/2017 a agosto/2018.

DIRETRIZES GERAIS DA AÇÃO EVANGELIZADORA DA IGREJA NO BRASIL (2019 – 2023)

 

Objetivo geral: EVANGELIZAR no Brasil cada vez mais urbano, pelo anúncio da Palavra de Deus, formando discípulos e discípulas de Jesus Cristo, em comunidades eclesiais missionárias, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, cuidando da Casa Comum e testemunhando o Reino de Deus rumo à plenitude.

 

1.          As DGAE 2011-2015, no processo de recepção do Documento de Aparecida, organizaram-se a partir de cinco urgências: estado permanente de missão; iniciação à vida cristã; animação bíblica da vida e da pastoral; comunidade de comunidades; serviço à vida plena para todos. Enriquecidas pelo início do Magistério do Papa Francisco, as DGAE 2015-2019 mantiveram as mesmas urgências e continuaram inspirando o planejamento da Pastoral de Conjunto das nossas Igrejas particulares.

2.       Avançando nesse processo, especialmente diante da cultura urbana, cada vez mais abrangente, as DGAE 2019-2023 estão estruturadas a partir da Comunidade Eclesial Missionária, apresentada com a imagem da “casa”, “construção de Deus” (1Cor 3,9). Casa, entendida como “lar” para os seus habitantes, acentua as perspectivas pessoal, comunitária e social da evangelização, inserindo, no espírito da Laudato , a perspectiva ambiental. Em tudo isso, convida todas as comunidades eclesiais a abraçarem e vivenciarem a missão como escola de santidade.[1]

3.          Criar ‘lar’ é, em última análise, ‘criar família; é aprender a sentir-se unido aos outros, sem olhar a vínculos utilitaristas ou funcionais, unidos de modo a sentir a vida um pouco mais humana. Criar lares, ‘casas de comunhão’, é permitir que a profecia encarne e torne as nossas horas e dias menos rudes, menos indiferentes e anônimos. É criar laços que se constroem com gestos simples, diários e que todos podemos realizar. Como todos sabemos muito bem, um lar precisa da colaboração de todos. Ninguém pode ficar indiferente ou alheio, porque cada qual é uma pedra necessária na sua construção. Isto implica pedir ao Senhor que nos conceda a graça de aprender a ter paciência, aprender a perdoar-nos; aprender cada dia a recomeçar” (ChV, 217).

4.           Casa é aqui a imagem que se pode pensar de maior proximidade às pessoas, ao lugar onde vivem, mesmo àquelas que só têm a rua como casa. Ela indica a proximidade relacional entre as pessoas que ali convivem. Indica igualmente a necessidade da Igreja se fazer cada vez mais presentes nos locais onde as pessoas estão, seja onde for.

5.           Essa casa é a comunidade eclesial missionária. Suas portas estão continuamente abertas para o duplo movimento permanente: entrar e sair. São portas que acolhem os que chegam para partilhar suas alegrias e sanar suas dores. Estão igualmente abertas para sair em missão, anunciando Jesus Cristo e seu Reino, indo ao encontro do outro, especialmente dos pobres e sofredores. Em tudo isto, o rosto de misericórdia do Cristo Senhor é manifestado.[2] Assim, missão e comunidade são como dois lados da mesma moeda. A comunidade eclesial autêntica é, necessariamente, missionária e toda missão se alicerça na vida de comunidade e tende a gerar novas comunidades.

6.          A comunidade eclesial missionária é sustentada por quatro pilares: Palavra, Pão, Caridade e Ação Missionária. Em cada um deles, as urgências anteriores são reagrupadas e permanecem mostrando sua atualidade:

 

 

 

·      Palavra – Iniciação à Vida Cristã e Animação Bíblica;
·      Pão – Liturgia e espiritualidade;
·      Caridade – Serviço à vida plena;
·      Ação Missionária – estado permanente de missão.

 



CAPÍTULO 1 – O anúncio do Evangelho de Jesus Cristo
CAPÍTULO 2 – Olhar de discípulos missionários
CAPÍTULO 3 – A Igreja nas casas
CAPÍTULO 4 – A Igreja em missão

 

Diretrizes – 2019-2023 / Doc da CNBB, 109.

 


 

[1] NMI, n. 30-41 e toda a Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate.
[2] MV, n. 1.

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